PERMANECER IMPERMANENTE
texto + imagem A. Rafael da Silva
o meu
corpo respira amplamente
ele
estende-se como um sopro através dos tempos
como a
paisagem ele move-se
o
tempo todo
e nesse
acto de fluir ele cai
e
levanta-se
e cai
de novo
e
levanta-se
e cai
uma vez mais, e outra e outra vez
e de
todas as vezes ele se levanta
e
viver assim é viver no susto
e
comer o medo, dia após dia,
avançar
não
permanecer nunca
apesar
das dores, apesar das visões
e não
permanecendo nunca
ainda
assim, permanecer,
assistir
ao que passa, ao que acaba
a
calma que tiras de mim não sai de mim,
não
exactamente,
há-de
vir de saberes que ao não me buscares não me encontrarás
porque
eu sou a alta montanha, o movimento
e eu
sou o gelo que derrete
à luz
da manhã