BISA
em
tempos houve ali videiras que pude chamar de minhas
minhas
meninas mancas e enrugadas com os seus cachos solares
ensaiando
poses qual Fonteyn a partir do chão junto à presa
apesar
da cota, apesar da idade
e
houve vindimas, gigas de uva,
caminhos
trôpegos em caixa aberta
coração
aberto
tranças
castanhas e pernas rosadas
sonhos
partilhados entre braços
bem
amarrados à fermentação
em
tempos fui feliz com o que a terra me deu
assisti
a todos os seus ciclos
e
aproximei-os um a um dos meus olhos ainda verdes
comi
a fruta dos bolsos do meu vestido, manchado,
e
festejei com a bisa o armazenamento das colheitas,
o
trabalho visível nas dobras do campo,
as
canções das mulheres à jorna, a ascensão dos fumos
a
consolidação do inverno gelado
no
silencioso e frio corredor, os olhos dela
apontando-me
o som do teu trompete ausente
e
a inexistência do medo